terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Premiê quer referendo sobre independência da Escócia em 2014

David Cameron alertou Alex Salmond que ele deve obter aprovação do governo do Reino Unido para o referendo ou enfrentará obstáculos









O primeiro-ministro da Escócia, Alex Salmond, disse nesta terça-feira que quer realizar um referendo sobre a independência da Escócia em 2014, após resistir às pressões do Reino Unido para que a histórica votação ocorresse mais cedo.



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A divulgação feita pelo primeiro-ministro escocês ocorreu após o alerta do premiê britânico David Cameron de que Salmond deve obter a aprovação do governo do Reino Unido se quer estabelecer um referendo legal, ou terá que enfrentar anos de conflitos em tribunais.



Salmond indicou que poderia aceitar a oferta de Cameron de entrar em um acordo que legalmente permitisse o referendo sobre a independência da Escócia, mas apenas se essa oferta fosse incondicional.



Cameron -que se opõe a qualquer separação no Reino Unido, que também inclui o País de Gales e a Irlanda do Norte - está pedindo à Escócia que torne suas intenções claras o mais cedo possível.



Ele afirmou que os investidores estão ficando cada vez mais desconfiados com os planos do premiê escocês de adiar a votação por mais alguns anos, prejudicando assim a economia britânica. Salmond, líder do governo semiautônomo da Escócia, há muito tempo defende a independência para permitir o controle mais lucrativo do país sobre o petróleo e sobre o gás natural do Mar do Norte.



Seu partido - o separatista Partido Nacional Escocês (SNP, na sigla em inglês) - insiste que ganhar autonomia sobre os impostos e políticas de gastos - poderes esses que o governo da Escócia não tem atualmente - ajudaria o país a ter o sucesso de seus vizinhos como a Noruega.



"Essa é uma grande decisão para a Escócia. Potencialmente, essa é a maior decisão que nós fazemos como uma nação em 300 anos", disse Salmond nesta terça-feira, durante um tour na fábrica de petróleo em Dyce, leste do país.



Ele insistiu que Cameroon não deveria ter nenhum papel em definir um cronograma para o crucial referendo. Desde que a Escócia votou a favor de ter um corpo legislativo próprio em 1997, seu Parlamento ganhou autonomia sobre a educação, saúde e justiça e pode fazer alterações pequenas sobre o imposto de renda. No momento, Londres mantém a primazia sobre todos os assuntos ligados ao Reino Unido como um todo - incluindo defesa, energia e relações exteriores.



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As outras nações do Reino Unido também têm governos, com poderes limitados. O País de Gales votou por uma assembleia nacional em 1997, enquanto a Assembleia da Irlanda do Norte foi criada em 1998.



Salmond acusa Cameron de pressionar por uma votação mais cedo na Escócia na esperança de evitar uma separação no Reino Unido. Cameron e o líder opositor do Reino Unido, Ed Miliband, planejam realizar uma campanha contra a independência da Escócia.



O período de votação seria crucial. Pesquisas recentes de opinião indicam um aumento daqueles que apoiam a independência, após outras mostrarem que a separação só agradou cerca de 30 % por décadas.



O governo escocês disse que 2014 era a data ideal para eles para uma votação sobre o futuro constitucional do país, com Salmond dizendo que o prazo era desejável, porque essa é a "maior decisão que a Escócia faz nos últimos 300 anos".



"Se você vai fazer as coisas de forma apropriada, permita que o processo adequado aconteça... então essa é a data que iremos avançar", disse Salmond.



Houve especulações de que a votação aconteceria em 2014, quando o sentimento nacionalista estaria alto, uma vez que a cidade de Glasgow abriga nessa data os Jogos da Commonwealth e os escoceses marcam o 700º aniversário da batalha de Bannockburn, uma vitória militar sobre a Inglaterra.



O secretário escocês Michael Moore disse que sob a lei atual, o Parlamento escocês não poderia estabelecer legalmente seu próprio referendo, o que significa que qualquer tentativa de impor o resultado seria ilegal. Ele disse que o governo britânico poderia temporariamente conceder os direitos para realizar uma votação.



"Esse governo acredita passionalmente no Reino Unido", disse Moore na Casa dos Comuns. "Por cerca de 300 anos nosso país tornou as pessoas unidas no maior Estado multinacional que o mundo conheceu."



Cameron sugeriu que o referendo da Escócia só teria duas escolhas possíveis - independência ou o status quo - rejeitando quaisquer terceiras opções.



O partido de Salmond afirmou que se ganharem a independência, a Escócia manteria a rainha Elizabeth II como chefe de Estado e - pelo menos por enquanto - manteria a libre esterlina como sua moeda.



Com AP e BBC

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