domingo, 11 de julho de 2010

Picciani é o candidato ao Senado mais rico do Rio

Rio de Janeiro - Foi do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB) o maior patrimônio declarado entre os candidatos a cargos majoritários no Rio de Janeiro. Com R$ 11 milhões descritos ao Tribunal regional Eleitoral (TRE-RJ), Picciani, criador de gado Nelore que tentará uma das duas vagas do Senado, supera de longe o governador Sérgio Cabral, também do PMDB, que tentará a reeleição e declarou R$ 843 mil.

A disparidade é ainda maior, quando comparado com os R$ 60 mil declarados pelo principal adversário do governador, Fernando Gabeira (PV) - ainda que os patrimônios de Cabral e Gabeira não incluam os apartamentos onde vivem, de propriedade de suas mulheres. O governador teve um crescimento de R$ 647 mil para R$ 843 mil em relação a 2006, quando se elegeu. Gabeira manteve os mesmos bens de 2008, quando ficou em segundo na eleição para prefeito do Rio, mas suas aplicações se valorizaram, aumentando seu patrimônio de R$ 54 mil para R$ 60 mil.

Entre os candidatos ao Senado, chama a atenção a queda no patrimônio declarado por Cesar Maia (DEM). De R$ 3,5 milhões declarados no início de 2005, ele caiu para meros R$ 73 mil. A explicação do ex-prefeito do Rio está na doação dos imóveis - como o apartamento onde vive, na praia de São Conrado - e salas comerciais para o nome de seus filhos: o deputado federal Rodrigo Maia, presidente nacional do DEM e Daniela, que participa da coordenação de sua campanha. Ele manteve apenas aplicações financeiras e participação em uma firma de consultoria em seu próprio nome.

Já Lindberg Farias, candidato do PT ao Senado, declarou patrimônio de R$ 195 mil, por três em João Pessoa (PB), sua terra natal. Ele não declarou nenhum bem em Nova Iguaçu, cidade na Baixada Fluminense que governou de 2004 a março deste ano, nem no Rio de Janeiro, onde sua família possui diversos imóveis n Zona Sul. Em 2008, quando se reelegeu prefeito, Lindberg declarara patrimônio de R$ 175 mil.

Marcelo Crivella, que tenta se reeleger para mais oito anos no Senado pelo PRB, não informou seu patrimônio, embora ele vá estar disponível em pouco dias no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2008, quando concorreu à Prefeitura do Rio, ele declarou R$ 180 mil, entre dois automóveis e uma conta bancária.

Em dez anos, patrimônio dez vezes maior

Ex-fiscal de renda e pecuarista desde 1984, Picciani, de 55 anos, aumentou seu patrimônio em R$ 3,3 milhões desde 2006, quando foi eleito para seu quinto mandato na Alerj. Há quatro anos, ele declarou R$ 7,7 milhões ao TRE. A diferença, segundo o candidato, se deve à venda de imóveis, como uma casa e uma fazenda. A maior parte de seus bens é justamente de imóveis e fazendas, em estados tão distantes quanto Rio e Mato Grosso, Minas Gerais e Pará, além de aplicações financeiras.

O grande salto no de Picciani aconteceu antes disso, porém. Entre 1996 e 2006, seu patrimônio cresceu 1.065% (mais de dez vezes), fenômeno atribuído ao desempenho de seus bois da raça Nelore no mercado agropecuário. Uma vaca em especial, batizada Bilara, foi o principal trunfo do deputado.

Para se ter uma ideia, em 2008, metade dos embriões de seu clone Bilara 7 foi vendida por mais de R$ 1 milhão, em um leilão no hotel Copacabana Palace, por seu filho Felipe Picciani, 29, desde abril presidente da ACNB (Associação de Criadores de Nelores do Brasil). O filho mais velho de Picciani, Leonardo, 30, concorre ao terceiro mandato como deputado federal e o mais novo, Rafael, 24, pela primeira vez, a uma cadeira na Alerj.

Multa da receita

Em 2007, Jorge Picciani foi multado em R$ 1,5 milhão pela Receita Federal por irregularidades em declarações anteriores. A malha fina da Receita também pegou outros sete deputados da Alerj.

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